quinta-feira, 17 de abril de 2008

Um regresso ao Passado

Porque o Memorial Carpinteiro Albino não deve ser só um jogo, uma competição ou o que lhe quiserem chamar, daí também a componente convívio que tanto estimamos e pretendemos cultivar, se recordássemos como era a competição automóvel em Portugal, comparando-a com aquilo que idealizamos, talvez não fosse má ideia.

Assim iniciamos estes artigos pelos modelos mais antigos, ou seja os Históricos-65, na categoria GT e Sport, no fundo, réplicas do que havia cá no burgo, e por isso pegamos no modelo trazido e muito a propósito pelo Rui Ramos, um modelo lindo da Ninco, o Ferrari 166MM .

Vamos ter que recuar a 1951, quando Casimiro de Oliveira se apresentou, por empréstimo, com um modelo desta marca, ex-Luigi Villoresi, ganhando naturalmente o II Circuito de Vila do Conde. A diferença entre o do Rui e este de Casimiro de Oliveira estava só na cor, já que, sendo Ferrari, teria que ser vermelho.

Os Ferrari 166MM voltariam a Vila do Conde no ano seguinte com Guilherme Oliveira e José Soares Cabral e marcariam presença também no Circuito de Monsanto com D. Fernando Mascarenhas, no ano em que Juan Manuel Fangio ganhou o referido Grande Prémio, muito embora já estivesse um bocado obsoleto pelo pesar dos anos.

Terá sido na sua época o carro a bater, partindo do pressuposto que a maioria dos carros nacionais eram fabricados em Portugal.

Continuando pelos mais antigos do pelotão, vamos encontrar a Jaguar que, com o modelo XK 120, dificilmente era batida entre os carros de Grande Turismo. Carro ganhador na sua época, destacando-se a sua vitória no Circuito de Monsanto pelas mãos de D. Fernando Mascarenhas.

Este modelo foi muito usado em competição por amadores, tanto em circuitos como em ralis, assim como o seu irmão mais novo, o XK 150, mas como os ralis se decidiam basicamente nas provas complementares, sempre que surgiam perícias,eram facilmente batidos pelos Porsche e já no fim da sua vida, pelos Mercedes 300 SL.

Poder-se-ia dizer que o Mercedes 300 SL terá sido o carro mais desejado na época pelos pilotos nacionais e não só.

Com um motor fabuloso, por vezes difícil de manobrar dadas as suas tendências sobreviradoras, mesmo assim era o carro ideal para circuitos e óptimo nas perícias e nas provas de arranque e travagem, muito em voga na época.

Foram vários os pilotos que utilizaram este carro, desde o Engrº Abreu Valente, Campeão Nacional Absoluto em 1959, Horácio de Macedo, António Barros, Filipe Nogueira, Nicha Cabral, José Manuel Simões, Carlos Faustino, José Lampreia e por ultimo Luís Fernandes.

Foi ,sem dúvida, o carro mais vitorioso da época e até é de estranhar estar tão esquecido pelos fabricantes de Slot, já que só foi reproduzido pela Revell, há muitos anos, e mais recentemente pela Cartronics.

Pelo seu sucesso, José Carlos Aleixo, que utiliza este modelo, o de Carlos Faustino, tem muita responsabilidade no seu desempenho e prevemos que o resultado final seja também brilhante, porque, se não for, o problema é do piloto (está bem … é do preparador).

Passemos aos Porsche. Neste Memorial encontram-se um pouco desgarrados, sendo os modelos utilizados , os 356 Coupé e o Spyder.

O 356 foi outro dos carros com mais sucesso em Portugal tendo ganho diversos ralis , sobressaindo a Volta a Portugal conduzido por Filipe Nogueira. Foram utilizados por um grande numero de pilotos tais como Basílio dos Santos, Ernesto Martorell, José Lampreia, Ernesto Neves, e porque os últimos são os primeiros, também por Américo Nunes, fervoroso adepto (pregou-me o vírus) caneco!!

Não podendo competir directamente com os Jaguar ou com os Mercedes, pela sua menor cilindrada, era ganhador, na classe até 1500, mas em ralis, onde a sua agilidade marcava pontos, tinha como companheiro de batalha os Alfa Romeo Sprint Veloce, também um esquecido entre os fabricantes dos slot.

Na categoria Sport, o Porshe Spyder 1500, foi outro mito, imbatível na classe. Em Portugal, Filipe Nogueira foi quem mais se destacou a conduzir com este modelo, tanto em Portugal como no estrangeiro, salientando-se a sua vitória na III Taça Cidade do Porto, em 1951.

Passando para outro modelo, falamos do Austin Healey, pouco usado , competindo apenas os de 2000 cc, derivado ao seu peso e das características do motor, muito pesado. Vamos encontrá-los nas mão de José Beja e Sousa e de Fernando Pinto Basto mas sem resultados de relevo, conseguidos sim mas com o modelo de 3000 cc, em provas internacionais com Pat Moss, irmã de Stirling Moss. (Se calhar por isso está a ser utilizado e bem, no Memorial, por Catarina Teixeira ).

Há ainda a referir que por volta de 1964/65 aparecem os Jaguar E que com Manuel Nogueira Pinto (BA-61-62) e Luís Fernandes (IA-45-74) dominam tanto circuitos como ralis . De referir os circuitos de Montes Claros (Nogueira Pinto) e o de Cascais (Luís Fernandes). Seguem-lhe o exemplo Daniel Magalhães, Basílio dos Santos e Carlos Santos.

O de Basílio dos Santos é o único que, no momento, pode ser reproduzido já que era a versão coupé, o fechado, comercializado pela Scalextric, enquanto os outros eram a versão aberta, com capota de lona e com pormenores diferentes dos comercializados pela Revell, que é a versão de LeMans.

Tanto os AC Cobra como os Chevrolett Corvete, como o Ferrari GTO e 250 Testa Rossa, não foram utilizados em Portugal (mentira porque o Corvette fez uma única prova com o Horácio Macedo, por isso não conta).

Tivemos sim um Ferrari vitorioso, o de Horácio Macedo, ex Moura Pinheiro, vencedor do Circuito da Boavista, ganhando tanto circuitos como ralils até 1963 tendo sido Campeão de Grupo de Grande Turismo em 1961 e 1963, para em 62 ser só Campeão de Grande Turismo.

Deste modelo, em slot, tivemo-lo da Scalextric e mais ultimamente da Slot Classic, ambos esgotados ou a custarem bom dinheiro em 2ª mão.

Esquecidos nos slots mas não menos importantes no panorama nacional foram os Triumph TR2 e TR3, o MG A, os Sprite e esquecidos pelos concorrentes do Memorial, se calhar pelo seu preço, os Morgan, o BMW 328, o Lancia Aurélia entre outros.

Termino com uma chamada de atenção aos possuidores destes modelos na versão slot, da responsabilidade que têm entre mãos, porque se foram bons em grande também o serão em pequeno. Portanto … só fica mal quem os conduz .

Não perca os próximos capítulos.

"O Reporter"

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